Tóquio 1964

Curiosidades Olímpicas

Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro

1.Introdução

Período:  10 a 24 de outubro

Países: 93                   Atletas: 5.140 (4.457 h e 683 m)  

Atletas Brasileiros: 69 (68 h e 1 m)

Modalidades: atletismo, basquete, boxe, canoagem, ciclismo, esgrima, futebol, ginástica artística, hipismo, hóquei na grama, judô,  levantamento de peso, luta, natação, pentatlo moderno, pólo aquático, remo, saltos ornamentais, tiro esportivo,  vela e voleibol.

Medalhas Brasileiras: 1 Bronze 

 

2. Cenário Brasileiro

Em 1964, o Brasil entrou num período difícil, do qual só começaria a sair 21 anos depois (será?).

O presidente Jânio Quadros tomou posse em janeiro/1961 e renunciou em agosto. João Goulart, seu vice, enfrentou desde o primeiro momento a oposição de alguns setores mais conservadores. Terminou sendo empossado mas sob um regime parlamentarista. Finalmente, em 1964, deposto, o Presidente Goulart foi para o exílio, enquanto era substituído pelo General Humberto de Alencar Castelo Branco.

Ainda assim, o ano de 1964 foi extremamente vital em importantes aspectos da vida brasileira. Vindo dos efeitos da época de JK e da agitação dos anos de Goulart, o cinema brasileiro apresentou obras importantes como Vidas Secas (Nelson Pereira dos Santos) e Deus e o Diabo na Terra do Sol ( Glauber Rocha).

Os escritores continuavam a produzir boa literatura: Dalton Trevisan com seus pequenos contos magistrais de Cemitérios de elefantes enquanto José Cândido de Carvalho publicou O coronel e o lobisomem.

Com um parceiro novo chamado Carlos Lyra, o poeta Vinicius de Moraes lançava um êxito atrás de outro como a Marcha da Quarta Feira de Cinzas.

Com outro parceiro, Baden Powell, que se tornaria um dos instrumentistas mais apreciados pelo público europeu, Vinicius de Moraes lançou os afro-sambas, numa viagem profunda até as raízes africanas na cultura e na religião popular do Brasil.

 

3. Cenário Mundial – Estados Unidos

Nos Estados Unidos vivia-se ainda o impacto do assassinato do Presidente Kennedy, em novembro de 1963. Para os norte-americanos, o choque causado pela morte do Presidente Kennedy fez com que todo o resto parecesse ter perdido boa parte de seu significado, naquele ano de 1964.  Até mesmo o êxito de quatro garotos ingleses – The Beatles. Ou mesmo até assistir Cassis Clay conquistando o título de Campeão Mundial dos Pesos-Pesados.

O vice-presidente Lyndon Johnson conseguiu levar até o fim um dos projetos do Presidente assassinado e, em 1964, foi proibida a discriminação racial em hotéis, restaurantes e teatros, e também nos empregos públicos e privados. Além disso, a partir daquele ano os negros tornaram-se eleitores pela primeira vez na história do país.

4. Cenário Mundial – Europa 

Na Europa, a França vivia tempos difíceis, após ter reconhecido dois anos antes a independência da Argélia, uma antiga colônia.

Os países europeus, passados quase vinte anos do fim da Segunda Guera Mundial, continuavam seu esforço para conseguir ter uma política própria, capaz de mantê-los a salvo dos embates entre as duas maiores potências do mundo – os Estados Unidos e a União Soviética.

Na Itália, Gigliolla Cinquetti encantava com Non ho l’etat.

Neste cenário mundial, os Jogos Olímpicos foram realizados do lado de lá do mapa, em Tóquio. O Japão vivia tempos de bonança. A reconstrução do país havia mobilizado a população, desde 1945, e a ajuda norte-americana contribuiu para que a economia japonesa alcançasse uma posição importante no mundo.

5. Os XVIII Jogos Olímpicos

Para os Jogos Olímpicos em 1964, dinheiro não foi problema. O governo japonês destinou 3 bilhões de dólares para os investimentos necessários em infra-estrutura. A tradição oriental assegurou uma organização impecável.  Se era para brilhar, os japoneses  não fizeram por menos. Pela primeira vez houve transmissão por TV, via satélite, e um bilhão de espectadores no mundo inteiro viram os Jogos. Além do mais pela primeira vez foi utilizado o cronômetro eletrônico para medir o tempo alcançado pelos competidores.

5. A Tocha Olímpica

A perfeição até os mínimos detalhes teve seu auge quando Yohimori Sakai entrou no estádio trazendo a tocha olímpica. A emoção transbordou em milhares de olhos, inclusive os do Imperador Hiroito: Sakai nasceu em Hiroshima, às oito da manhã do dia 6 de agosto de 1945,  exatamente quando a cidade era atingida pela bomba atômica.

6. Os Destaques Olímpicos

Na hora das provas a disputa foi intensa; os nadadores norte-americanos voltaram a dominar e, um deles, o jovem Donald Schollander saiu levando 4 medalhas de ouro, além do justo título de “O Rei das Piscinas”.

A australiana Dawn Fraser tornou a ganhar pela terceira vez consecutiva, os 100 metros nado livre. Além da terceira medalha de ouro, ela se tornou a primeira mulher a nadar 100 metros em menos de 1 minuto.

No atletismo o domínio também foi dos norte-americanos: eles ganharam 14 medalhas de ouro. Nos 100 metros rasos Bob Hayes conseguiu o tempo de exatos 10 segundos, sendo considerado na época o limite do ser humano. Nehum atleta brilhou mais do que Al Oerter, que pela terceira vez ganhou a medalha de ouro no lançamento de disco com a marca de 61 metros. No salto em altura, Tóquio viu o surgimento de um fenômeno,  o soviético Valery Brumel.

Os japoneses se saíram bem. Conseguiram incluir naqueles Jogos dois esportes tradicionais no país: o judô e o volei feminino.

7. A Delegação Brasileira – Neco Hipismo

Já os brasileiros enfrentaram, uma vez mais, dificuldades de diversos tipos. A maior delas a falta de recursos. A bordo de um avião da antiga Panair, seguiram para o Japão sessenta e nove atletas, 12 a menos do que 4 anos antes para Roma. E, novamente, com apenas uma mulher – Aída dos Santos.

O desempenho dos brasileiros foi resultado de esforços isolados. Por exemplo, Nélson Pessoa nas provas de hipismo. Ele havia participado dos Jogos de Melbourne em 1956 – naquela vez em que as provas de hipismo acabaram sendo disputadas em Estocolmo, por causa da quarentena imposta pelas autoridades australianas aos animais de competição. Não chegou a se destacar, mas pôs na cabeça que aquela seria a sua vida. Oito anos depois montou um belo cavalo chamado Huipil, e faltou pouco para ganhar uma medalha: chegou em quinto lugar.

8. A Delegação Brasileira – O Judô

Uma das novidades daqueles Jogos, o judô acabou sendo palco para que um brasileiro brilhasse. Lhofei Shiozawa, nasceu numa colônia japonesa próxima a São Paulo, e foi o único atleta da delegação do Brasil neste esporte, a participar das competições. Chegou a disputar a medalha de bronze, mas acabou ficando em quinto lugar na classificação geral. Para uma estréia, nada mal; foi um sinal de que o judô acabaria dando bons momentos aos brasileiros nos anos seguintes.

Em 1964, o judoca vendeu os bens para bancar uma viagem a Tóquio.

Sem ajuda governamental, partiu para o Japão a fim de disputar os jogos daquele ano. Levava uma carta de recomendação escrita por um amigo, que apresentou à universidade da cidade, em busca de um lugar para treinar. Foi hospedado pelo tio.
O quinto lugar na competição foi uma honra para Shiozawa: ele foi o primeiro judoca brasileiro a disputar uma Olimpíada. 

9. A Delegação Brasileira – Vôlei

Outra novidade no programa dos Jogos Olímpicos foi a entrada do vôlei masculino. Oito equipes disputaram as medalhas. A Seleção Brasileira, tendo como Técnico, o espetacular Sami Mehlinsky, ficou em sexto. A Equipe Brasileira era formada por José Maria Schwart da Costa, Joao Cláudio França, Carlos Arthur Nuzman, Newdon Emanuel de Victor, Marco Antonio Volpi, Carlos Eduardo Albano Feitosa, Hamilton Leão de Oliveira, Josias de Oliveira Ramalho, Décio Viotti de Azevedo e Victor Maria Barcelos Borges.

10. A Delegação Brasileira – Aída dos Santos

Os resultados obtidos por Aída dos Santos no salto em altura também acrescentaram brilho à delegação brasileira. Naquele ano de 1964 ela viajou para São Caetano do Sul e, depois de ter saltado, soube que tinha alcançado o índice olímpico: 1 metro  e 65 centímetros. Foi preciso uma nova prova, na noite de um sábado num Maracanã deserto, para repetir a marca. E então soube que ia mesmo para o Japão.

Pois Aída foi para o Japão, passando pelas eliminatórias e chegou à prova final. Sozinha no estádio, sem ninguém que falasse uma língua que ela fosse capaz de entender e, na hora derradeira, saltou um metro e 74 centímetros, conquistando assim o quarto lugar. Sózinha, ela foi aplaudida pela platéia de milhares de estranhos. Aída chorou no estádio. Retornando ao seu quarto, respirou fundo, se fantasiou de gueixa para ir sozinha e sorrindo, participar de um desfile dos atletas na Vila Olímpica.

11. O Basquete Brasileiro

Mais uma vez, o Basquete Brasileiro se impôs no cenário mundial, conquistando a Medalha de Bronze nos Jogos de Tóquio.

Iniciou perdendo para o Peru, inesperadamente,  pelo placar de 58 x 50. Entretanto, nas quatro  partidas seguintes, a Seleção Brasileira se recuperou e venceu as seleções da Iugoslávia, Coréia do Sul, Finlândia e Uruguai.

Enfrentou e foi vencida pela seleção norte-americana, venceu a Austrália e foi derrotada pela União Soviética.

Na disputa do 3o. lugar a Seleção Brasileira enfrentou a seleção de Porto Rico, a quem venceu com clara supremacia, por 76 x 60.

Portanto, a Medalha de Bronze conquistada pela Seleção Brasileira veio com faixas prateadas, pois na Semifinal perdemos novamente para a URSS, por apenas 6 pontos.

O técnico era Renato Miguel Gaia Brito Cunha, que dirigiu nas quadras, a equipe formada por jogadores sensacionais como Amaury, Sérgio Macarrão, Wlamir, Edvar, Édson Bispo, Rosa Branca, Mosquito, Succar, Fritz, Jathyr, Ubiratã e Victor.

Na realidade, um timaço… Dez atletas já haviam participado das seleções que conquistaram o bi-campeonato mundial… Apenas dois atletas foram incluídos… os Geniais Sérgio Macarrão e Edvar Simões.

 

A Seleção Brasileira disputou 9 jogos, tendo vencido 6 deles:

Brasil 50 x 58 Peru           Brasil 68 x 64 Iugoslávia       Brasil 92 x 65 Coréia do Sul

Brasil 61 x 54 Finlândia     Brasil 80 x 68 Uruguai          Brasil 53 x 86 EUA 

Brasil 69 x 57 Austrália     Brasil 47 x 53 URSS             Brasil 76 x 60 Porto Rico

A Seleção Brasileira de Basquetebol disputou pela sexta vez os Jogos Olímpicos, com a seguinte delegação:

Chefe da delegação: Sylvio de Magalhães Padilha

Técnico: Renato Miguel Gaia Brito Cunha

Amaury Antônio Passos                                       Antônio Salvador Succar     

Carlos Domingos Massoni (Mosquito)                    Carmo de Souza (Rosa Branca)

Édson Bispo dos Santos         Friedrich Wilhem Braun            Jathyr Eduardo Schall

José Edvar Simões                 Sérgio de Toledo Machado        Ubiratã Pereira Maciel

                 Victor Mirshawka                                        Wlamir Marques                     

Assim, os resultados internacionais da Seleção Brasileira em eventos mundiais passou a ser:

Olimpíada de Berlim 1936 – 9o. lugar

Olimpíada de Londres 1948 –  3o. lugar

I Campeonato Mundial na  Argentina 1950 – 4o. lugar

Olimpíada de Helsinque 1952 – 6o. lugar

II Campeonato Mundial no Rio de Janeiro 1954 – 2o. lugar

Olimpíada de Melbourne 1956 – 6o. lugar

III Campeonato Mundial em Santiago do Chile 1959 – 1o. lugar

Olimpíada de Roma 1960 – 3o. lugar

IV Campeonato Mundial no Rio de Janeiro 1963 – 1o. lugar

Olimpíada de Tóquio 1964 – 3o. lugar

RESULTADOS FINAIS DA DELEGAÇÃO BRASILEIRA