Curiosidades Olímpicas

Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro

1.Introdução

Período:  12 a 27 de outubro

Países: 112                   Atletas: 5.530 (4.750 h e 780 m)  

Atletas Brasileiros: 84 (81 h e 3 m)

Modalidades: atletismo, basquete, beisebol, boxe, canoagem e caiaque, ciclismo, esgrima, futebol, ginástica artística, hipismo, hóquei,  levantamento de peso, luta, natação, pelota basca (demonstração), pentatlo moderno, pólo aquático, remo,  tênis, tiro esportivo,  vela e voleibol.

Medalhas Brasileiras: 1 Prata e 2 Bronzes 

2. Cenário Brasileiro

Em 1968, o Brasil viveu um dos anos mais marcantes da história contemporânea. Um ano em que se mesclaram esperanças e desesperanças, num clima bastante parecido com o que acontecia em outros países. Parcelas significantes da juventude exigindo mudanças pelas ruas foi uma cena que também aconteceu no Brasil daquele ano de vendavais.

Em São Paulo, Belo Horizonte, Recife e, principalmente, no Rio de Janeiro, manifestações pediam liberdade de expressão. O ano foi uma sucessão de manifestações públicas e as consequentes reações do regime, que tratava de manter o controle da ordem. 

Antes de findar aquele ano tão marcante e veloz, 1968 ofereceu alguns momentos de raro esplendor, principalmente nas artes e na cultura. Foi o ano em que a medicina brasileira mostrou até onde poderia chegar, com o cirugião Euryclides Zerbini fazendo o primeiro transplante de coração no país.

No teatro, foi a vez de Roda Viva, a peça escrita pelo compositor Chico Buarque de Holanda, sacudir as platéias. Na música popular houve a explosão do movimento Tropicalista, cujos ícones maiores eram Caetano Veloso  e Gilberto Gil.

3. Cenário Mundial 

No resto do mundo, o turbilhão daquele ano jovem marcou o começo do que pareciam ser os novos tempos. É verdade que a União Soviética enviou tanques para a Tcheco-Eslováquia, provocando um outro terremoto na esquerda do mundo. E que, nos Estados Unidos, um atirador profissional assassinou Martin Luther King, o grande líder do movimento de liberdade dos negros norte-americanos.  Outra violência dramática: um atirador assassinou Robert Kennedy, senador e irmão de John Kennedy.

Mas nada disso foi suficiente para apagar a grande e definitiva marca daquele 1968 no mundo: tempos de contradição e esperança, com estudantes ocupando as ruas de Paris e as grandes marchas nas avenidas de Washington em protesto contra a guerra no Vietnã.

Amava-se desenfreadamente, e os jovens acreditavam que era possível tocar o céu com as mãos. O mundo nunca mais seria o mesmo depois de 1968, e os Jogos tampouco.

4. Os XIX Jogos Olímpicos – A Altitude

A cidade escolhida para realizar os XIX Jogos Olímpicos foi a capital mexicana, a 2.240 metros acima do nível do mar. Só aquilo já era uma novidade, pois pela primeira vez os Jogos seriam realizados em semelhante altitude, o que gerou um estranho debate.

Alguns diziam que o esforço naquela altitude poderia provocar a morte dos atletas, principalmente os que disputariam provas de resistência. Outros diziam que não, e recomendavam que os atletas passassem três semanas treinando em cidades que ficassem nas alturas, para se adaptar.

Na verdade, praticar esportes a mais de 2.000 metros de altitude não é fácil: a oxigenação do ar e sua resistência são um terço menor do que ao nível do mar. Mas nada disso é suficiente para causar a morte de um atleta. Tanto assim, que nos II Jogos Pan-americanos disputados na mesma Cidade do México em 1955, as únicas baixas fatais foram de recordes. Nos XIX Jogos Olímpicos, o fenômeno se repetiu.

No atletismo, por exemplo, as provas de 100, 200 e 400 metros rasos, além do salto triplo e do salto em distância, tiveram recordes mundiais quebrados.

5. Os XIX Jogos Olímpicos – As Manifestações Políticas

Antes porém que pelos grandes recordes esportivos, aqueles Jogos ficariam marcados pela presença de um elemento que o Comitê Olímpico Internacional sempre quis manter afastado: as manifestações políticas interferindo no esporte. Só que no carrossel que o mundo vivia naquele 1968, ninguém pôde impedir que vários atletas entrassem no turbilhão.

Nos Jogos Olímpicos da Cidade do México, tudo começou na prova dos 200 metros rasos. Os atletas norte-americanos ao subirem no pódio para receber as medalhas de ouro e  bronze, se apresentaram usando luvas negras, um dos sinais do movimento radical norte-americano Black Power. Nas prova dos 400 metros rasos, três norte-americanos subiram ao pódio, desta vez usando as boinas do Black Power e exibindo o símbolo da luta dos negros exaltados: punhos erguidos e cerrados.

Mais manifestações de protesto político aconteceram, e não só de norte-americanos: os cubanos Hermes Ramirez e sua equipe de revezamento 4×100 metros, ao chegarem em segundo lugar e durante a entrevista coletiva aproveitaram para anunciar que estavam mandando suas medalhas para Stokely Carmichael, o mais celebrado ativista do movimento Black Power.

Houve protestos também na ginástica. A tcheca Vera Caslávska foi a grande estrela e levou quatro medalhas de ouro, sendo que conquistou três delas derrotando atletas soviéticas. Ao ouvir o hino da União Soviética, Vera ergueu o rosto e virou as costas para a bandeira de quem havia invadido seu país pouco antes, assolando a Primavera de Praga.

A forte marca do protesto político foi, sem dúvida, uma inovação naqueles Jogos, mas não a única.

6. Os XIX Jogos Olímpicos – Os Resultados

Pela primeira vez foi usado piso sintético na pista de atletismo, garantindo uma superfície plana e uniforme, que permitia aos atletas competir contando, além de seu esforço pessoal, com maior equilíbrio e velocidade . E nas provas, foi implantado o sistema de células fotoelétricas para, junto com os cronômetros computadorizados, estabelecer a classificação dos atletas.

Também foram implantados testes para assegurar que as competidoras eram realmente mulheres, o que causou muitos protestos.

Nestes XIX Jogos Olímpicos também ocorreram resultados importantes. O soviético Viktor Saneyev no salto tripo atingiu 17,39 centímetros. No salto em altura, o norte americano Richard Fosbury saltou 2,24 centímetros . Maior façanha foi a do norte-americano Jim Hines, que correu os 100 metros rasos em 9,9 segundos, deixando para trás a marca que era considerada o limite do ser humano (10 segundos – o que significava correr cada 10 metros por segundo).

Como se fosse pouco, outro norte-americano (Tommie Smith) levou 19,08 segundos para correr os 200 metros rasos.

Nas piscinas, a grande esperança era um jovem norte-americano de 18 anos, Mark Spitz. As apostas diziam que ele iria ganhar seis medalhas de ouro. Acabou ficando com a de prata nos 100 metros nado borboleta, e a de bronze nos 100 metros nado livre. Nas duas provas de revezamento, é verdade, sua equipe venceu. Mas seria preciso esperar pelos Jogos seguintes para ver aquela jovem revelação finalmente se  tornar um dos maiores nadadores de todos os tempos, um dos grandes mitos do esporte.

Finalmente, também no México surgiu para a história do boxe um garoto chamado George Foreman. Levou a medalha de ouro nos pesos-pesado, derrotando por nocaute três de seus quatro adversários.

7. A Delegação Brasileira – Nélson Prudêncio

No meio de todas essas invocações, tensões , façanhas e revelações, estavam os 84 atletas brasileiros: as mulheres agora eram três.

Nem tudo foi fácil para os brasileiros nos Jogos Olímpicos de 1968.  Havia uma vez mais, o sério problema da escassez de recursos. Mas o Brasil chegou lá, e teve seus destaques no atletismo. Bom exemplo disso aconteceu no salto triplo. Durante alguns minutos, Nélson Prudêncio experimentou o inesperado sabor de ser recordista mundial. Acabou tendo seu recorde superado pelo soviético Viktor Saneyev, que ganhou a medalha de ouro, mas só depois de quatro horas de intensa disputa, quando os dois, se alternando, quebraram o recorde mundial nove vezes. Nélson Prudêncio ganhou a de prata.  E pela primeira vez na sua vida de homem feito, ele chorou.

8. A Delegação Brasileira – Boxe, Iatismo e Natação 

O Brasil ainda levou duas medalhas de bronze nos XIX Jogos Olímpicos: uma no boxe, para o peso-mosca Servílio de Oiveira, que nao chegou à final graças a uma decisão dos juízes, que preferiram dar a vitória ao seu adversário, Ricardo Delgado, mexicano. A outra medalha de bronze veio do iatismo, com a dupla Reinaldo Conrad e Bukhard Cordes, na classe Flying Dutchman.

Na natação, Sylvio Fiolo, recordista mundial nos 100 metros nado de peito, chegou à final. E de novo, a medalha escapou por muito pouco: Fiolo foi o quarto colocado, um décimo de segundo atrás do terceiro colocado.

9. A Delegação Brasileira – Atletismo, Voleibol e Pólo Aquático 

Aída dos Santos participou de mais uma Olimpíada, só que não na sua especialidade – Salto em Altura. Nas Cidade do México, a atleta competiu no pentatlo.

O voleibol já iniciava sua importante caminhada para o sucesso, que veio a ocorrer nos eventos mundiais seguintes. Cabe o registro de que esta geração de Feitosa, Mário Dunlop, Vitinho, Moreno e José Maria participaram de forma importante nos passos que se seguiram. Nestes Jogos os países da Cortina de Ferro apresentaram bela performance.

O pólo aquático enfrentou forças superiores como os países da Cortina de Ferro, além de EUA e Cuba.

A Equipe Brasileira era composta por atletas bicampeões mundiais como Wlamir, Rosa Branca, Succar,  Ubiratã e Mosquito. Outros já participantes da Olimpíada de Tóquio: Sérgio Macarrão e Edvar. E os novatos Hélio Rubens, José Geraldo, Menon, Joy e Scarpini.

Um timaço!

10. A Delegação Brasileira – Basquete 

O basquete brasileiro conquistou o 4o. lugar, mantendo-se entre as principais forças do basquetebol mundial.

A Equipe Brasileira era composta por atletas bicampeões mundiais como Wlamir, Rosa Branca, Succar,  Ubiratã e Mosquito. Outros já participantes da Olimpíada de Tóquio: Sérgio Macarrão e Edvar. E os novatos Hélio Rubens, José Geraldo, Menon, Joy e Scarpini.

Um timaço!

10. A Delegação Brasileira – Basquete 

Jogou 9 partidas, obtendo 6 vitórias e 3 derrotas, para as equipes norte-americana e soviética (2).

Brasil 98 x 52 Marrocos

Brasil 75 x 59 Bulgária

Brasil 60 x 53 México

Brasil 88 x 51 Polônia

Brasil 91 x 59 Coréia do Sul

Brasil 84 x 68 Cuba

Brasil 65 x 76 URSS

Brasil 63 x 75 EUA

Brasil 53 x 70 URSS

Assim, os resultados internacionais da Seleção Brasileira em eventos mundiais passaram a ser:

Olimpíada de Berlim 1936 – 9o. lugar

XIV Olimpíada de Londres 1948 –  3o. lugar

I Campeonato Mundial na  Argentina 1950 – 4o. lugar

XV Olimpíada de Helsinque 1952 – 6o. lugar

II Campeonato Mundial no Rio de Janeiro 1954 – 2o. lugar

XVI Olimpíada de Melbourne 1956 – 6o. lugar

III Campeonato Mundial em Santiago do Chile 1959 – 1o. lugar

XVII Olimpíada de Roma 1960 – 3o. lugar

IV Campeonato Mundial no Rio de Janeiro 1963 – 1o. lugar

XVIII Olimpíada de Tóquio 1964 – 3o. lugar

XIX Olimpíada de México 1968 – 4o. lugar

11. A Delegação Brasileira – 

Das lições aprendidas no México, todas elas valiosas, uma calou fundo nos responsáveis pelos esportes olímpicos no Brasil. Mais do que nunca, ficou claro que quanto melhor fossem o planejamento e a organização, melhores seriam os resultados de nossos atletas, cuja deteminação se confirmava  cada vez mais.  Os desencontros registrados durante a preparação para aqueles Jogos Olímpicos não chegaram a prejudicar de forma determinante o desempenho, mas deveriam ser evitados no futuro. Porque, mais do que nunca, os atletas haviam reafirmado a principal tradição de seus colegas do passado: um espírito íntegro, uma dedicação sem igual.10