Combinado Copacabana
Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro
1.Introdução
Período: 19 de julho a 3 de agosto
Países: 69 Atletas: 4.879 (4.361h e 518 m)
Atletas Brasileiros: 108 (103 h e 5 m)
Modalidades: atletismo, basquete, beisebol finlandês (demonstração), boxe, canoagem, ciclismo, esgrima, futebol, ginástica artística, handebol de campo (demonstração), hipismo, hóquei sobre grama, levantamento de peso, luta, natação, pentatlo moderno, pólo aquático, remo, saltos ornamentais, tiro esportivo e vela.
Medalhas Brasileiras: 1 Ouro e 2 Bronzes
2. Cenário Mundial
Em 1952, o presidente brasileiro era novamente Getúlio Vargas. Naquela altura, o Brasil tinha 52 milhões de habitantes, dos quais 1 milhão e 300 mil eram operários.Um sério problema Getúlio foi herdar uma economia que andava muito mal das pernas, sem reservas em moeda estrangeira e enfrentando a voracidade crescente das empresas e bancos internacionais.
Naquele 1952, foram criados o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e o Instituto Brasileiro do Café, e também foi iniciado pelo governo um programa de industrialização e uma das maiores mobilizações populares da história do Brasil: a campaha “O petróleo é nosso“, que culminaria com a criação da Petrobras.
Na Europa, as cicatrizes da guerra terminada sete anos antes ainda ardiam e doíam. Mas o tempo, enfim, continuava sua ronda. O Reino Unido ganhou uma rainha chamada Elizabeth. O mundo vivia com medo da bomba atômica e da guerra fria, entre a União Soviética e os países comunistas de um lado, e os Estados Unidos de outro.
Naquela Europa da reconstrução e das novas modas, sobreviviam duas ditaduras: a de Oliveira Salazar em Portugal e a de Francisco Franco na Espanha.
Vivia-se uma época de avanços tecnológicos: o “cérebro eletrônico” tornava-se um instrumento cada vez mais utilizados. E cada vez menos utilizados eram os recursos extraídos pelos países europeus de suas antigas colônias na África, na Ásia e na América: finda a Segunda Guerra Mundial, explodiram os movimentos de libertação. A Europa começava a se recolher cada vez mais dentro de suas próprias fronteiras.
Assim, chega-se a 19 de julho de 1952, quando foram abertos os XV Jogos Olímpicos em Helsinque (Finlândia). A cidade estava mais do que preparada: afinal, deveria ter sido a sede dos Jogos de 1940, que foram suspensos por causa da guerra. A Vila Olímpica tinha 14 edifícios para abrigar os quase 5.000 atletas enviados por 69 países, entre eles Japão e Alemanha, que haviam sido banidos dos Jogos de Londres, e a Unidão Soviética, que pela primeira vez participava do evento.
Na cerimônia de abertura o corredor Paavo Nurmi (herói nacional vencedor de 12 medalhas olímpicas no atletismo) carregou a tocha olímpica. Quando, então, surgiu uma moça loura e bela, alemã, vestida apenas com um manto transparente, que correu até os microfones e disse: “Queridos Amigos”. Não conseguiu dizer mais nada pois os seguranças a levaram embora, junto com suas transparências. Era integrante de um movimento que lutava pela reunificação da Alemanha.
3. Destaques Principais
Então, os Jogos começaram para valer, e o que se viu foram resultados espetaculares, e que entraram na história do esporte olímpico. Emil Zatopek, revelado nos Jogos de Londres, fez valer seu apelido de “Locomotiva Humana“, levando três medalhas de ouro, nos 5.000 e 10.000 metros, e também na maratona. Sua mulher levou a medalha de ouro no lançamento de dardo, no mesmo dia em que Emil ganhava os 5.000 metros.
Estreantes, os soviéticos passaram pelas provas de ginástica feito um tufão, levando 22 medalhas, das quais oito de ouro.
Na equipe feminina de recezamento 4 x 100 metros rasos, aléms da medalha de ouro, um outro recorde: Barbara Pearl Jones, com 15 anos, tornou-se a mais jovem atleta da história do atletismo a vencer uma prova olímpica.
4. Participação Brasileira
Para o Brasil, os Jogos de Helsinque marcaram uma glória insuperável: Adhemar Ferreira da Silva, aquele mesmo atleta do salto triplo que nos Jogos anteriores tinha ficado num discreto 14o. lugar. Adhemar não só levou a medalha de ouro, como bateu quatro vezes seguidas o recorde mundial da prova, que aliás já era dele mesmo.
Curiosa história, a desse atleta. Antes de chegar a Helsinque, era dono do recorde mundial, 16,01 metros. Saiu dos Jogos com a medalha de ouro e um recorde 21 centímetros maior. Era um atleta que agia mais por instinto que pela técnica. Sabia de seu talento único. A questão era chegar na marca inicial e dar três saltos, caindo o mais longe possível . Foi o que fez.
A preparação para os Jogos de Helsinque incluíram lições de finlandês com uma família de imigrantes que morava em São Paulo. e assim que desembarcou, disparou aos funcionários da alfândega: “Terve, Terve.” Diante dos olhares atônitos, titubeou. O assombro dos funcionários finlandeses se deveu ao fato de que ninguém ali poderia imaginar que um negro atlético, levando um violão debaixo do braço, chegasse saudando no idioma do país. E mais: dedilhando o instrumento, cantou uma canção finlandesa, e num finlandês suficiente para se fazer entender e para que notassem o seu esforço. A imprensa de lá notou, e a partir daí o recordista mundial do salto triplo tornou-se uma figura popular na Finlândia.
No dia da prova Adhemar mostrou o que era capaz: estabeleceu um novo recorde mundial e obteve a medalha de ouro: e, além dela, a homenagem singela, da cozinheira da Vila Olímpica -um imenso bolo todo confeitado- com a inscrição 16,22 (a marca de seu salto triplo), a maior distância superada por uma atleta na modalidade.
Quando voltou ao Brasil, Adhemar soube que o jornal paulista A Gazeta Esportiva tinha promovido uma coleta popular, reunindo dinheiro suficiente para dar uma casa própria ao atleta, que era filho de um ferroviário e de uma lavadeira. A alegria durou pouco, pois o Comitê Olímpico Brasileiro recordou a Adhemar que, de acordo com as regras que vigoravam em todo o âmbito do Comitê Olímpico Internacional, aceitar aquela casa, poderia significar uma recompensa material por um feito ocorrido nas pistas dos Jogos. E, com isso, punições sérias, a começar pela perda da medalha olímpica. O disciplinado atleta brasileiro acatou as regras.
Além de Adhemar, José Telles da Conceição foi outro destaque naqueles Jogos. No salto em altura, bateu o recorde sul-americano, com 1,98 metro, e ganhou a medalha de bronze. Outra medalha de bronze, foi conquistada na prova dos 1.500 metros nado livre, por Tetsuo Okamoto, que se tornou parte da história da natação brasileira.
Também naquele ano de 1952, o Brasil participou pela primeira vez de futebol nos Jogos Olímpicos, sendo todos os jogadores amadores. Mas que tinham como missão defender a maior paixão nacional que, dois anos antes, mesmo tendo o melhor futebol do mundo, amargou a frustração de perder a Copa disputada no Maracanã.
O Brasil ficou em quinto lufar, mas encantou as platéias com seu futebol atrevido e brincalhão. O campeão naqueles Jogos foi a Hungria, que dois anos depois ganharia a Copa do Mundo. Jogavam no time glórias como Puskas, Kocsis e Czibor.
Cabe lembrar, que também na equipe brasileira jogavam futuras glórias. O mais jovem do time tinha 17 anos, e chamava-se Vavá, e seria bicampeão mundial nas Copas de 1958 e 1962. Outro futuro bicampeão mundial estava em Helsinque: Zózimo.
A Seleção Brasileira de Basquete disputou pela terceira vez os Jogos Olìmpicos, tendo se posicionado em 6o. lugar.
A Delegação Do Basquete Brasileiro:
Chefe da Delegação – José Ferreira Santos
Técnico – Manoel Rodrigues Leita Pitanga
Alfredo Rodrigues da Motta Almir Nelson de Almeida
Ângelo Bonfietti (Angelim) Hélio Marques Pereira (Godinho)
João Francisco Braz José Luiz de Azevedo
Mário Jorge da Fonseca Hermes Mayr Facci
Raimundo Carvalho dos Santos Ruy de Freitas
Sebastião Gimenez (Tião) Thales Monteiro
Wilson Bombarda Zenny de Azevedo (Algodão)
A Seleção Brasileira disputou 8 jogos, tendo vencido 4 deles:
Brasil 57 x 55 Canadá Brasil 71 x 52 Filipinas
Brasil 56 x 72 Argentina Brasil 75 x 44 Chile
Brasil 49 x 54 União Soviética Brasil 53 x 57 Estados Unidos
Brasil 59 x 44 França Brasil 49 x 58 Chile
Assim, os resultados internacionais da Seleção Brasileira em eventos mundiais passou a ser:
Olimpíada de Berlim 1936 – 9o. lugar
Olimpíada de Londres 1948 – 3o. lugar
I Campeonato Mundial na Argentina 1950 – 4o. lugar
Olimpíada de Helsinque 1952 – 6o. lugar