Curiosidades Olímpicas

Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro

1.Introdução

Período:  19 de julho a 3 de agosto

Países: 81                   Atletas: 5.217 (4.093 h e 1.124 m)  

Atletas Brasileiros: 109 (94 h e 15 m)

Modalidades: atletismo, basquete, boxe, canoagem, ciclismo, esgrima, futebol, ginástica artística, halterofilismo, handebol,  hóquei na grama, judô,  luta, natação, pentatlo moderno, pólo aquático, remo,  saltos ornamentais, tiro com arco, tiro esportivo,  vela e voleibol.

Medalhas Brasileiras: 2 ouro & 2 Bronzes 

2. Cenário Brasileiro

Em 1980, o presidente do Brasil era o General João Batista Figueiredo, sendo que em seu governo foram adotadas várias medidas que tinham o objetivo de levar o país de volta à normalidade democrática, o que acabou acontecendo cinco anos mais tarde, quando terminou o período presidencial do General Figueiredo.

Graças à anistia que tinha sido decretada em 1979, exilados e banidos haviam retornado ao Brasil. Dava para sentir no ar que as coisas mudariam, pois os ares de mudança já eram palpáveis naquele 1980.

Uma novidade que se alastrou com força foram as associações de moradores, de mulheres, de negros, de índios.

A população brasileira, de acordo com o censo oficial divulgado naquele ano era de 119.070.875 pessoas. Havia preocupação na área econômica, principalmente com a dívida externa.

Foi um ano de filmes importantes como Bye, Bye Brasil, de Cacá Diegues, e Pixote de Hector Babenco. O país perdeu o dramaturgo Nélson Rodrigues e o poeta Vinicius de Moraes. O poeta do amor deslavado, que revolucionou a canção popular, entristeceu os brasileiros ao morrer.

No Rio de Janeiro, mais precisamente no Maracanã, tivemos a presença de Frank Sinatra.

3. Cenário Mundial 

Movimentado e veloz, o ano de 1980 foi agitado no mundo. A guerra no Oriente Médio, entre o Irã dos aiatolás e o Iraque de Saddam Hussein tornou-se cada vez mais violenta. Saddam, apoiado pelos Estados Unidos, enfrentava as tropas religiosas do aiatolá Khomeini, e nenhum dos dois queria saber de acordo e paz.

Na Ásia, 100.000 soldados soviéticos haviam invadido o Afeganistão no fim de 1979, e continuavam por lá. Na América Central havia guerra civil em El Salvador, e problemas sérios na Guatemala e na Nicarágua. Na Iugoslávia, morreu o Marechal Tito, e os conflitos internos controlados desde o fim da Segunda Guerra Mundial renasceram.

Um ano triste depois das mortes de Alfred Hitchock, Peter Sellers e John Lennon, assassinado em Nova York – um dos Beatles, profeta do pacifismo e compositor sensacional.

4. Os XXII Jogos Olímpicos – Nova Interferência Política

Naquele 1980, Moscou recebeu atletas de 81 países para os Jogos Olímpicos. E, uma vez mais, a firme convicção do COI – não deixar questões políticas interferirem nos Jogos – foi atropelada. A guerra fria tinha tomado outros rumos, mas continuava ativa. O Presidente Jimmy Carter mandou um aviso severo: se a União Soviética não saísse do Afeganistão, os Estados Unios não participariam dos Jogos e armariam um boicote mundial.

Claro que nenhum soldado russo foi retirado do Afeganistão. E claro que o governo dos Estados Unidos cumpriu a ameaça. Resultado: 61 países, entre eles gigantes do esporte como a Alemanha Ocidental, o Canadá e o Japão, seguiram o exemplo dos Estados Unidos, e não mandaram ninguém a Moscou.

5. Os XXII Jogos Olímpicos – A Festa de Abertura

Os soviéticos se prepararam a fundo. Até hoje, há quem diga que aquela foi certamente a festa de abertura mais bela e emocionante de todos os Jogos Olímpicos. Para as 103 mil pessoas que atopetaram o Estádio Olímpico, era uma questão de afetuoso orgulho. O Primeiro- Ministro Leonid Brezhenev esta lá, e o  que se viu ficará para sempre na memória; nas arquibancadas, e de surpresa, cada pessoa estendeu uma pequena placa de cartolina. As tais placas começaram a formar um gigantesco símbolo olímpico – os cinco aros entrelaçados – e depois deram lugar à figura do mascote daqueles Jogos, o pequeno urso Misha.

Um brasileiro brilhou na Festa de Abertura – o pianista Arthur Moreira Lima, tocou uma pequena peça inédita, escrita especialmente para ele pelo grande mestre argentino Astor Pizzzolla. A vontade de alegria e o afeto do povo soviético se impuseram sobre todas as desavenças, e o espetáculo foi especial.

6. Os XXII Jogos Olímpicos – Os Resultados

Com a ausência dos atletas norte-americanos o favoritismo passou para os dois países socialistas, a União Soviética e a Alemanha Oriental. De cada dez medalhas disputadas, quatro ficaram com os donos da casa. Houve algumas críticas, indicando que grandes nomes do esporte mundial,  como o  brasileiro João Carlos de Oliveira – o João do Pulo – e a romena Nadia Comaneci teriam sido prejudicados por supostos problemas de arbitragem. Problemas esses, que em anos adiante ficaram confirmados. Prevaleceu, em todo caso, o espírito olímpico tão ardorosamente defendido pelo Barão Pierre de Coubertin.

Os Jogos Oímpicos de Moscou foram uma festa de confraternização, apesar de várias delegações, e dos enganos propositais dos juízes que privilegiaram os atletas russos.

A sempre miúda e perfeita Nadia, estrela maior dos Jogos de Montreal, chegou à final da prova individual de exercícios combinados precisando tirar uma nota alta – 9,9 – para levar a medalha de ouro. Foi, uma vez mais, perfeita. E depois esperou mais de meia hora para saber que sua nota era 9,85. Com esse resultado, a medalha de ouro coube à ginasta soviética Yelena Davydova. Ninguém se esqueceu de Nadia Comaneci. Depois de Moscou, onde ganhou quatro medalhas de ouro, ela abandonou a ginástica, dona de nove medalhas conquistadas em duas edições dos Jogos Olímpicos. E seu nome permaneceu entre os grandes símbolos do esporte olímpico em todos os tempos, apesar da injustiça proposital ocorrida em Moscou.

 

No atletismo, novas polêmicas. O regulamento dizia que as equipes de revezamento só poderiam ser mudadas se algum atleta se contundisse. A União Soviética montou equipes para as provas masculina e feminina de 4×400 metros e na final apareceu com outras, de atletas melhores e descansados, que compareceram para disputar apresentando atestados médicos que indicavam que os outros, que haviam participado das eliminatórias, haviam se contundido. Os soviéticos ganharam as duas medalhas de ouro. Momento Infeliz do Esporte Olímpico.

Em Moscou, grandes atletas marcaram seus nomes na história dos Jogos, como o corredor inglês Sebastian Coe, recordista mundial dos 800 metros rasos. Ele acabou fazendo o que chamou de “pior corrida” de sua vida, quando ganhou a medalha de prata e tendo sido massacrado pela  imprensa inglesa. Seis dias depois, estava de volta às pistas, para a prova dos 1.500 metros. Numa final, emocionante, chegou quase quatro metros na frente do segundo colocado. Quatro anos mais tarde, Coe tornou a ganhar a medalha de ouro nos 1.500 metros. É o único atleta a vencer a prova duas vezes seguidas na história dos Jogos.

Moscou também consagrou uma das maiores lendas do esporte: o boxeador cubano Teófilo Stevenson ganhou sua terceira medalha de ouro, depois de Munique e Montreal. O gigante cubano foi um furacão. Quando abandonou o boxe, depois de dez anos, era dono de uma coleção de 170 medalhas. Só perdeu 15 lutas na vida.

Na ginástica olímpica, dois atletas russos encantaram o mundo e colecionaram medalhas. Aleksandr Dityatin, de 15 anos, ganhou 5 medalhas, enquanto Nikolay Andrianov ganhou também 5 medalhas, passando a ser o único homem a ganhar 15 medalhas olímpicas.

Nas piscinas o soviético Vladimir Salnikov, de vinte anos, ganhou três medalhas de ouro. Foi  o primeiro a fazer os 1.500 metros nado livre em menos de 15 minutos. Depois de Moscou seu rendimento caiu. No campeonato europeu de 1987, nem chegou à final. Resolveu fazer um esforço derradeiro para os jogos Olímpicos de Seul , em 1988. Ninguém apostava um tostão. Resultado: na final dos 1.500 metros nado livre, assumiu a ponta antes da metade da prova, e chegou em primeiro lugar. Tinha 28 anos de idade. Em mais de meio século de disputa, foi o mais velho campeão olímpico.

As moças da Alemanha Oriental arrasaram. Ganharam 27 das 35 medalhas da natação. Em seis provas levaram ouro, prata e bronze.

7. A Delegação Brasileira 

O Brasil levou 109 atletas a Moscou. Foi a maior delegação brasileira da história. Havia 15 mulheres. Os atletas voltaram para casa com 2 medalhas de ouro e 2 medalhas de bronze.

Nas piscinas, a equipe de revezamento 4 x200 metros ganhou a medalha de bronze. Foi a terceira medalha olímpica da natação brasileira, depois de Tetsuo Okamoto em 1952 e de Manoel do Santos em 1960. Um dos integrantes da equipe, Djan Madruga, ainda chegou num bom quarto lugar nos 400 metros nado livre.

No iatismo, Marcos Pinto Rizzo e Eduardo Henrique Penido venceram a prova na classe 470. Aquela foi a primeira medalha de ouro do iatismo brasileiro. Marcos Rizzo tinha 19 anos. Foi o mais jovem brasileiro a conquistar uma medalha olímpica.

A segunda medalha de ouro também veio do iatismo, na classe Tornado: Lars Bjorkstrom, um sueco nascido em Gotemburgo e naturalizado brasileiro, em dupla com Alex Welter. Houve ainda um velejador, Cláudio Bieckark, que chegou em quarto lugar na classe Finn. Finalmente, a quarta medalha brasileira foi a conquistada no salto tripo por João Carlos de Oliveira –  Bronze.

Houve reclamações contra a arbitragem. De acordo com os brasileiros, nas 11 primeiras tentativas de João Carlos de Oliveira, oito foram anuladas, sob a alegação de que havia pisado na linha do limite para o início do salto. Na  décima segunda ele mediu bem, conforme disse depois, e saltou muito antes. Ainda assim, os juízes anularam o salto. Só foi reconhecida a marca dos 17 metros e 22 centímetros. A medalha de ouro foi conquistada por um atleta da casa. Aquela foi a última participação de João Carlos de Oliveira em Jogos Olímpicos.

As medalhas foram essas, mas Moscou presenciou o surgimento de vários atletas que mais tarde fariam carreira sólidas, como o nadador Ricardo Prado, os remadores Ronaldo e Ricardo Carvalho, o corredor Agberto Guimarães – quarto lugar nos 800 metros rasos – , o judoca Walter Carmona, e uma equipe de vôlei masculino que incluía Bernard, Xandó, Montanaro, William, Renan e Amauri.

No balanço final da participação brasileira nos Jogos Olímpicos de Moscou, o resultado foi considerado bastante bom.

8. A Delegação Brasileira – Basquete 

O basquete brasileiro conquistou o 5o. lugar nos Jogos Olímpicos de Moscou.

Jogou 7 partidas, obtendo 4 vitórias e 3 derrotas, para as equipes URSS, Espanha e Iugoslávia.

A equipe era formada por:

André Ernesto Stoffel              Luiz Gustavo de M. Lage

José Carlos Santos Saiani   Milton Setrini Júnior (Carioquinha)

Wagner Machado da Silva     Marcos Antônio Abdalla Leite (Marquinhos)

Gilson Trindade de Jesus       Marcel Ramon Ponickwar de Souza

Adilson de Freitas Nascimento                 Marcelo Vido

Oscar Daniel Bezerra Schmidt      Ricardo Cardos Guimarães (Cadum) 

Técnico: Cláudio Mortari

Os Resultados:

Brasil 72 x 70 Tcheco-Eslováquia             Brasil 88 x 101 URSS

Brasil 137 x 64 Índia                     Brasil 94 x 93 Cuba

Brasil 81 x 110 Espanha                  Brasil 90 x 77 Itália

Brasil 95 x 96 Iugoslávia

Assim, os resultados internacionais da Seleção Brasileira em eventos mundiais passaram a ser:

Olimpíada de Berlim 1936 – 9o. lugar

XIV Olimpíada de Londres 1948 –  3o. lugar

I Campeonato Mundial na  Argentina 1950 – 4o. lugar

XV Olimpíada de Helsinque 1952 – 6o. lugar

II Campeonato Mundial no Rio de Janeiro 1954 – 2o. lugar

XVI Olimpíada de Melbourne 1956 – 6o. lugar

III Campeonato Mundial em Santiago do Chile 1959 – 1o. lugar

XVII Olimpíada de Roma 1960 – 3o. lugar

IV Campeonato Mundial no Rio de Janeiro 1963 – 1o. lugar

XVIII Olimpíada de Tóquio 1964 – 3o. lugar

V Campeonato Mundial 1967 – Uruguai – 3o. lugar

XIX Olimpíada de México 1968 – 4o. lugar

VI Campeonato Mundial na Iugoslávia – 2o. lugar

XX Olimpíada de Munique 1972 – 7o. lugar

 XXII Olimpíada de Moscou 1980 – 5o. lugar

 

9. Quadro de Medalhas 

10. Resultados