Curiosidades Olímpicas

Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro

1.Introdução

Período:  17 de julho a 1 de agosto

Países: 92                   Atletas: 6.028 (4.781 h e 1.247 m)  

Atletas Brasileiros: 93 (86 h e 7 m)

Modalidades: atletismo, basquete, boxe, canoagem, ciclismo, esgrima, futebol, ginástica artística, handebol, hipismo, hóquei sobre grama, judô,  levantamento de peso, luta, natação, pentatlo moderno, pólo aquático, remo,  saltos ornamentais, tiro com arco, tiro esportivo,  vela e voleibol.

Medalhas Brasileiras: 2 Bronzes 

2. Cenário Brasileiro

Em 1972, o presidente do Brasil era o General Ernesto Geisel, um militar austero  nascido no Rio Grande do Sul e descendente de alemães. Aquele foi um ano de mortes dolorosas para o país: Juscelino Kubitschek e João Goulart.

Foi também o ano em que a censura oficial proibiu um número muito grande de canções e publicações. Entre os livros proibidos, um dos melhores volumes de contos da segunda metade do século: Feliz ano novo, de Rubem Fonseca.

A economia já não vivia o milagre de antes, e no campo da política o ambiente passava por distintos momentos de tensão.

Como sempre, porém, nas artes e na cultura o país continuava em ebulição. Aquele foi o ano em que o antropólogo Darcy Ribeiro, exilado, publicou seu primeiro romance Maíra. Dois filmes – Dona Flor seus Dois maridos, de Bruno Barreto, e Xica da Silva, de Cacá Diegues – arrebataram milhões de expectadores e marcaram uma época de grandes êxitos para o cinema brasileiro. E com o disco Meus caros amigos, Chico Buarque continuou sendo o poeta mais certeiro da canção popular.

3. Cenário Mundial 

Em outros países da América do Sul também se viva sob regimes autoritários.

Nos Estados Unidos, o presidente era Gerald Ford, e foi durante sua administração que se chegou a um importante acordo de limitação de armas nucleares com os soviéticos.

Nas casas de muitos norte-americanos chegou um invento, que ficou na ordem do dia durante décadas: o videocassete. Outro invento que viria a revolucionar tanto os lares quanto as empresas foi o computador de mesa.

Na Europa, a maior novidade era a Espanha começando a respirar ares de democracia. O General Francisco Franco, instalado no poder desde o fim da Guerra Civil, em 1939, tinha morrido em novembro de 1975. Seu sucessor, o primeiro-ministro Adolfo Suárez, implantou uma série de inovações na vida do país, estabelecendo uma anistia política e convovando uma assembléia constituinte.

O ano se 1976 marcou o início de um dos mais velozes processos de modernização vividos por países europeus no último quarto do século XX.

Do outro lado do mundo, os chineses choraram a morte de Mao Tsé Tung, líder da revolução comunista de 1948. No seu lugar assumiu Deng Xiaoping.

4. Os XXI Jogos Olímpicos – Nova Interferência Política

Mais uma vez, a política interferiu na realização do maior evento esportivo do mundo: 32 países, dos quais 24 do continente africano, decidiram boicotar os Jogos por causa da Nova Zelândia. Motivo: a equipe neozelandesa de rúgbi, um dos esportes mais populares naquele país, disputou uma partida na África do Sul, onde havia um regime de severa segregação racial. Assim, a Nova Zelândia igonorou uma firme recomendação do Comitê Olímpico Internacional de que nenhum país participasse de eventos esportivos na África do Sul. Os 32  países exigiram que o Comitê não permitisse a participação da Nova Zelândia nos Jogos de Montreal. Não foram atendidos e decidiram ficar de fora.

5. Os XXI Jogos Olímpicos 

O primeiro-ministro canadense chamava-s Pierre Trudeau, era um liberal de esquerda que usava terno e tênis e distribuía simpatia.

A cerimônia de abertura doi coroada pela Rainha Elizabeth II, soberana do Reino Unido.

Pelo mundo afora, mais de um bilhão de pessoas acompanharam os Jogos pela Televisão. Os Jogos Olímpicos já eram, definitivamente, um acontecimento mundial. Pairava sobretudo a sombra de Munique: a maior preocupação em Montreal era a segurança. Mas não houve nada que pudesse afetar o brilho da maior festa dos atletas.

6. Os XXI Jogos Olímpicos – Os Resultados

Começadas as disputas, o que ninguém conseguiu segurar foi a leveza e a maravilha de uma menina romena, a ginasta Nadia Comaneci. Aos 14 aos, o talento da menina era absoluto e único. Com graça de andorinha, ela voava entre barras e cavaletes, em movimentos únicos e insuperáveis. Um desempenho perfeito. Foi a primeira ginasta a conseguir a pontuação máxima em todas as provas. Ganhou três medalhas de ouro, e mais uma de prata, por equipe.

Os Jogos de Montreal ficaram  na história graças a ela e ao fato de que, pela primeira vez, na soma total de medalhas de ouro, os Estados Unidos ficaram em terceiro lugar, atrás da União Soviética e da Alemanha Oriental.

Nas provas de natação , as alemãs orientais ficaram com todas as medalhas de ouro: 11. A estrela maior da equipe, Lornelia Ender, levou quatro, com direito a recorde mundial na prova dos 100 metros nado livre.

No atletismo, os norte-americanos tiveram Edwin Moses, que levou a medalha de ouro nos 400 metros com barreiras, e as equipes de revezamento 4×100 e 4×400, que venceram suas provas. Mas não houve ninguém capaz de ofuscar o esplendor do gigante cubano Alberto Juantorena, que disparou na pistas levando as medalhas de ouro nos 400 e nos 800 metros, com dois novos recordes mundiais.

7. A Delegação Brasileira 

Para Montreal, o Brasil mandou 93 atletas – 86 homens e 7 mulheres. Entre eles uma estrela maior de primeira grandeza cujo desempenho brilharia para sempre: João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, recordista mundial do salto triplo. Ele tinha 22 anos, e vinha de uma família modesta. Por acaso, começou a praticar atletismo, com suas pernas longas e seu perfil esguio. Começou a treinar a sério quando fez o serviço militar. Virou sargento, e seu desempenho chamou a atenção, passando assim a fazer  parte da Seleção Brasileira de Atletismo. Em 1975, o Sargento Oliveira foi consagrado: nos Jogos Pan-Americanos disputados na Cidae do México, ele ganhou a medalha de ouro no salto triplo. E, de quebra, registrou o novo recorde mundial: 17 metros e 89 centímetros, quase meio metro a mais que o recorde anterior, do soviético Vladimir Saneyev. Seria preciso que se passassem dez anos para que outro atleta conseguisse saltar mais que João Carlos de Oliveira.

João viajou para Montreal levando um fardo enorme: o que se esperava dele era a medalha de ouro. E não só no Brasil: em todo o mundo, a expectativa era a mesma. Na Vila Olímpica, João foi assediado sem parar. Era uma estrela de primeira grandeza. Foi demasiada pressão. E ainda assim, fazendo-se crescer graças à sua valentia, esse extraordinário atleta obteve a medalha de bronze.

Na hora de verdade, os nervos traíram João do Pulo. Resultado: saltou quase 1 metro a menos do que havia saltado no México. Apesar dos méritos de seu feito e da medalha de bronze, este resultado abalou João do Pulo.

A outra medalha de bronze que o Brasil trouxe de Montreal veio do iatismo, com a dupla Reinaldo Conrad e Peter Ficker. Era a segunda medalha de Conrad: em 1968, havia ganho a primeira, na mesma categoria – Flying Dutchman. Aquela foi a terceira vez consecutiva que o Brasil ganhava uma medalha olímpica no iatismo.

Por muito pouco não vieram outras medalhas. O próprio João, por exemplo, ficou em quarto lugar no salto em distância, mesma colocação de Djan Madruga nas provas dos 400 e dos 1.500 metros nado livre e do iatista Cláudio Biekarck, na categoria Finn. E o atleta Ruy da Silva ficou em quinto lugar nos 200 metros rasos.

Também no futebol alcançou-se um quarto lugar. A equipe que representou o país no Canadá era um grupo forte, integrado apenas por amadores, e caiu diante das seleções do leste europeu, que podiam escalar qualquer um, independente da idade porque todos os seus jogadores cumpriam com a condição exigida para futebol olímpico da época: não eram profissionais. O técnico do Brasil foi Zizinho, que à última hora substituiu Cláudio Coutinho. Ele chamou o goleiro Carlos, que mais tarde disputou três Copas do Mundo, Júnior (duas Copas), o apoiador Batista (duas Copas), e dois pontas que fizeram história: Marinho, que depois foi ídolo no Bangu, e Júlio César, um canhoto reverenciado durante anos pela torcida do Flamengo.

A campanha foi boa: o Brasil ganhou dois jogos, empatou um e perdeu dois. Fez seis gols e levou quatro. A medalha de ouro foi para a Alemanha Oriental.

A estrela mais popular entre os integrantes da delegação brasileira, porém, não usava chuteira. Trabalhava com as mãos e não jogava nada. Era o massagista Nocaute Jack, que morreu em maio de 2003. Ele havia sido lutador de boxe e campeão daqueles espetáculos pândegos de luta livre na televisão nos ano 60. Famoso por trabalhar com a seleção tricampeã do mundo, e com um dom incrível pra relaxar dores incômodas dos atletas, ele passou a ser solicitado por todos, de todos os esportes.

A seleção de vôlei, que teve nas quadras nomes que mais tarde brilhariam, também terminou em sétimo lugar.

Bebeto, Alexandre, Bernard, Moreno, Suiço e Fernandão, dentre outros, brilharam nestes Jogos.

A Equipe Brasileira de Basquetebol não participou dos Jogos de Montreal.

8. Resultados